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05 maio 2010

125. Gatinha manhosa

Para Monica Maria

O gato é conhecido por sua habilidade sensual e maliciosa. A mulher, na tradição da canção popular, é apresentada como aquele ser que possui o "dom de iludir". Portanto, uma gata (metáfora-gíria para mulher bonita), além do mais, manhosa, representa a persuasão sexual ambulante: em grau máximo!
O sujeito da canção aponta isso ao dizer:"não precisa falar comigo dengosa assim". Ora, se ela já consegue os mil carinhos dele (com beicinhos e choros baixos), o que dirá quando agregar a isso o dengo e a manhosidade explícita? O enroscar nas pernas do sujeito?
Ele sabe do poder (de mentir) da mulher-gata - "já não acredito se você chora dizendo me amar, eu sei que na verdade carinhos você quer ganhar". No entanto, ele não resiste ao gesto todo felino, todo dela. De quem chega e, disfarçadamente, sem querer querendo, amolece o coração de leão do sujeito.
Ambos felinos, pois ele sabe também, dissimuladamente, que prendê-la seria perdê-la. Ele ameaça, ela faz manha e os dois se aninham entre arranhões (íntimos e doces).
Encantado, mamar tornar-se imperativo. O leite (da gata), que alimenta a reiterativa ilusão (não esqueçamos as teias de persuasão e fingimentos das gatas) de afeto do sujeito da canção, está indiciado na capa do disco (Mulher, 1981). Alí, Erasmo Carlos mama na teta de sua vera gata, se rende, sob uma imagem (contornos sutis) que se dilui no branco leite bom.

***

Gatinha manhosa
(Erasmo Carlos / Roberto Carlos)

Meu bem
Já não precisa
Falar comigo
Dengosa assim

Briga, para depois
Ganhar mil carinhos de mim

Se eu aumento a voz
Você faz beicinho
E chora baixinho
E diz que a emoção
Dói seu coração

Já não acredito
Se você chora
Dizendo me amar
Eu sei que na verdade
Carinhos você quer ganhar

Um dia gatinha manhosa
Eu prendo você
No meu coração
Quero ver você
Fazer manha então
Presa no meu coração
Quero ver você

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