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01 novembro 2010

305. Balada do amor inabalável

A "Balada do amor inabalável", de Samuel Rosa e Fausto Fawcett, registrada no disco Maquinarama (2000), do grupo Skank, é metacanção (canção que se autorefere enquanto está sendo feita) à medida em que o sujeito, já nos primeiros versos, dispara: "Leva essa canção de amor dançante pra você lembrar de mim".
A canção (dançante) registra o desejo, de toda canção, de ficar no ouvinte, mesmo quando a voz que fala parar de cantar. Para tanto, a pegada do Skank não poderia ter uma melhor parceria senão o multi artista Fausto Fawcett, com a malandragem da noite carioca e inspirado por sua Kathia Flávia, a "Godiva do Irajá", a da "calcinha exocet".
O excesso de vogal "a", no título, já oferece índices do estado-de-abertura (vontade e disposição) do sujeito. A fim de atingir sua meta (ser a balada que sustente o amor: no outro), o sujeito, acompanhado por uma melodia híbrida (entre sons orgânicos e eletrônicos), investe no fato do quanto é fundamental se ter uma canção para, "na confusão do dia-a-dia, no sufoco de uma dúvida, na dor de qualquer coisa", ajudar-nos a permanecer inabaláveis.
O amor, aquilo que une cantor (o sujeito da canção) e cantado (destinatário: o ouvinte), precisa, embalado e fortificado pelas palavras cantadas, as mais ficticionalmente honestas possíveis, ser alimentado: "É só tocar essa balada de suingue inabalável".
A canção mantem o equilíbrio da relação amorosa, que, por sua vez, precisa ser permanentemente cantada, alimentada, embalada, mimada. E vice versa. Um precisa do outro para existir e "eu vou dizendo na sequência bem clichê: eu preciso de você".
Ao assumir isso (a fraqueza que lhe dá força), o sujeito, de viés, persuade e convida o outro a fazer o mesmo: levar a tal canção de amor, que está sendo feita diante dos olhos e ouvidos do ouvinte, para dentro do coração. E, assim, eterniza-se: torna-se uma balada inabalável.
A segunda parte da canção, com o sucesso do sujeito, é celebração da "força antiga do espírito": "Sonho, sexo, paixão". O amor absorve, para si, e espalha sobre as personagens, a cumplicidade das amizades.
Daí, mesmo que os dois se separem por um tempo, mesmo que o ouvinte desligue o som, mesmo que a balada toque outros ouvidos, ou seja, mantendo-se livres para amar, a relação (erótico-amorosa) entre sujeito e ouvinte já está calcada no inabalável.

***

Balada do amor inabalável
(Samuel Rosa / Fausto Fawcett)

Leva essa canção de amor dançante
Pra você lembrar de mim, seu coração lembrar de mim
Na confusão do dia-a-dia, no sufoco de uma dúvida
Na dor de qualquer coisa
É só tocar essa balada de suingue inabalável
Que é oásis pro amor
Eu vou dizendo na sequência bem clichê
Eu preciso de você

É força antiga do espírito
Virando convivência de amizade apaixonada
Sonho, sexo, paixão
Vontade gêmea de ficar e não pensar em nada
Planejando pra fazer acontecer
Ou simplesmente refinando essa amizade
Eu vou dizendo na seqüência bem clichê
Eu preciso de você

Mesmo que a gente se separe por uns tempos
Ou quando você quiser lembrar de mim
Toque a balada do amor inabalável
Suingue de amor nesse planeta
Mesmo que a gente se separe por uns tempos
Ou quando você quiser lembrar de mim

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