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18 dezembro 2010

352. Não tem lua

Certa vez, quando perguntado porque exerce tão pouco sua verve de compositor, João Gilberto respondeu que já existia muitas canções precisando de "conserto". E assim ele segue eliminando tudo aquilo que considera excesso (gordura), para de chegar ao núcleo duro da canção: ao (quase) silêncio.
Por princípio estético, quando alguém se propõe a regravar uma canção, é preciso um investimento amoroso e erótico para torná-la nova, de novo; é preciso iluminar cantos que as gravações anteriores não tocaram: explorar outros significantes. Só assim se consegue causar no ouvinte a experiência da novidade: da primeira vez.
É o que acontece com a gravação de "Não tem lua", de Durval Lélys, dada ao público por Mariano Marovatto no disco Aquele amor nem me fale (2010). Aliás, um disco feito para ninar amores; embalar desejos; e dar bandeiras líricas.
A referência a João Gilberto aqui não é gratuita, basta observar o banquinho e o violão - imagem icônica joãogilbertiana - na capa do disco de Mariano. Muito embora Mariano, poeta, ao contrário de João, exerça o ofício de compositor: das nove canções do disco apenas duas não é de sua autoria.
Em "Não tem lua" temos um sujeito que canta uma certa "menina do mar". Ora, ela não é outra senão a sereia que brincando na areia arrebatou nosso sujeito. Ele mesmo, em momento de entrega, se diz "filho da terra" e pede para que ela o leve com ele. Em quem mais a gravidade da lua interfere tanto além do poeta e do mar - habitat da sereia: ela que gosta de ser presenteada com flores e perfumes?
Se na versão do próprio Durval Lélis, que tantos corpos suados de desejo e de folia embala nos carnavais, o sujeito dança sua dor e delícia, Mariano ilumina o interdito e o dengo: plasma um sujeito platônico: ela do mar, ele da terra. Mariano encontra outro tipo de musicalidade e embalo: modulados pelo refinamento do lirismo.

***

Não tem lua
(Durval Lélys)

Não tem lua que faça você me amar
Não tem lua que faça você passar por mim
Não tem cheiro, nem flor
Nem perfume de amor
Não tem lua não, não tem lua

Menina do mar
Menina do mar, ê
Menina do mar
Menina do mar, ê
Tô louco de dengo pra te ver
Eu só quero um pouquinho te amar
Mas se a vida me leva no calor
Faço tudo se você me der amor
Menina do mar
Menina do mar
Menina me leva
Menina do mar
Menina do mar
Sou filho da terra

2 comentários:

Jose Ramon Santana Vazquez disse...

...traigo
sangre
de
la
tarde
herida
en
la
mano
y
una
vela
de
mi
corazón
para
invitarte
y
darte
este
alma
que
viene
para
compartir
contigo
tu
bello
blog
con
un
ramillete
de
oro
y
claveles
dentro...


desde mis
HORAS ROTAS
Y AULA DE PAZ


COMPARTIENDO ILUSION
LEONARDO

CON saludos de la luna al
reflejarse en el mar de la
poesía...


AFECTUOSAMENTE : OS DESEO UNAS FIESTAS ENTRAÑABLES 2010- Y FELIZ AÑO 2011 CON TODO MI CORAZON….


ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO DE ACEBO CUMBRES BORRASCOSAS, ENEMIGO A LAS PUERTAS, CACHORRO, FANTASMA DE LA OPERA, BLADE RUUNER Y CHOCOLATE.

José
Ramón...

ADEMAR AMANCIO disse...

O João gilberto melhora ou piora as canções?eis a questão.